Xiaomi no Q1 2025: Mantém Estabilidade, Mas Perde Terreno para Samsung e Apple

Num relatório publicado pela Canalys em 15 de abril de 2025, o mercado global de smartphones registrou um crescimento modesto de 1% no primeiro trimestre do ano.

No entanto, o crescimento da empresa ficou aquém de concorrentes como Samsung e Apple, que lideraram o mercado com participações de 20% e 18%, respectivamente.

Este artigo analisa o desempenho da Xiaomi no Q1 de 2025, os fatores que influenciaram seus resultados e as estratégias que a empresa está adotando para manter sua resiliência em um mercado desafiador.

Desempenho da Xiaomi no Q1 de 2025

Apesar do crescimento tímido do mercado global, a Xiaomi demonstrou resiliência ao manter sua participação de mercado. A empresa continua sendo uma força significativa, especialmente no segmento de dispositivos intermediários, onde sua ampla linha de produtos, como as séries Redmi e POCO, conquistou consumidores em busca de custo-benefício. Além disso, a Xiaomi tem investido na integração de inteligência artificial (IA) e no desenvolvimento do seu sistema operacional HyperOS, que busca oferecer uma experiência mais fluida e conectada entre smartphones, wearables e outros dispositivos do ecossistema.

No entanto, o relatório da Canalys aponta que a Xiaomi não conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento de concorrentes como Samsung, que recuperou a liderança com o sucesso da série Galaxy S24 e sua diversificada linha A, e Apple, que manteve forte demanda por seus iPhones.
Marcas emergentes, como Huawei, Honor e Motorola, também ganharam terreno, intensificando a competição no top 10 global.

Contexto de Mercado

O mercado de smartphones em 2025 enfrenta um ambiente complexo. Segundo a Canalys, fatores como:

• Pressões macroeconômicas: Inflação e incertezas econômicas globais reduziram o poder de compra dos consumidores.
• Tensões comerciais: Aumentos de tarifas nos EUA e mudanças nas cadeias de suprimentos globais obrigaram fabricantes a repensar estratégias logísticas.
• Adiamentos de envios: Canais de distribuição postergaram pedidos, impactando o volume de vendas no trimestre.

Nesse contexto, a Xiaomi beneficiou da sua forte presença em mercados emergentes, como África, Sudeste Asiático e Médio Oriente, onde sua estratégia de oferecer dispositivos acessíveis e repletos de recursos continua atraindo consumidores.

Estratégias da Xiaomi para 2025

Apesar do crescimento mais lento, a Xiaomi está implementando medidas estratégicas para fortalecer sua posição no mercado global:

Foco em IA e HyperOS:

• A empresa está integrando tecnologias de inteligência artificial em seus dispositivos, seguindo a visão do CEO Lei Jun, que enfatizou a importância de aplicar IA para melhorar a experiência do usuário. O HyperOS 2.1 Beta, lançado em dezembro de 2024, trouxe melhorias em desempenho e conectividade, com a versão global prevista para alcançar mais dispositivos ao longo de 2025.
• A HyperOS também visa unificar o ecossistema da Xiaomi, conectando smartphones, wearables, eletrodomésticos e até mesmo o recém-lançado veículo elétrico Xiaomi SU7.

Diversificação da Cadeia de Suprimentos:

• Em resposta às tensões comerciais globais, a Xiaomi está realocando bases de produção e otimizando suas cadeias de suprimentos. Essa agilidade estratégica é crucial para mitigar o impacto de tarifas, como as impostas pelos EUA, e manter preços competitivos.

• Em 2024, a Xiaomi aumentou seus gastos com P&D em 25,9%, atingindo RMB 24,1 bilhões, com mais de 21.190 profissionais de P&D e 41.000 patentes globais. Esse investimento reflete o compromisso da empresa com inovação, especialmente em áreas como 5G, IA e tecnologias de condução inteligente.

Expansão no Segmento Premium e EVs:

• A Xiaomi está buscando competir no segmento premium com dispositivos como a série Xiaomi 14. Além disso, sua entrada no mercado de veículos elétricos com o Xiaomi SU7 foi um sucesso, com 136.854 unidades entregues em 2024 e uma meta de 350.000 entregas em 2025. O modelo SU7 Ultra estabeleceu um recorde no circuito de Nürburgring, reforçando a imagem da Xiaomi como uma marca inovadora.

Parcerias com o Ecossistema Android:

• A Xiaomi se beneficiará de novas ferramentas do Google, como a funcionalidade beta anunciada em 16 de abril de 2025, que monitora wake locks excessivos para otimizar a vida útil da bateria em dispositivos Android. Essa melhoria é especialmente relevante para usuários de dispositivos Xiaomi, que valorizam desempenho e eficiência energética.

Desafios e Oportunidades

Embora a Xiaomi tenha mantido sua posição, o crescimento estagnado em relação aos concorrentes destaca desafios importantes:

• Competição Intensa: Marcas como Honor (+30% de crescimento na Europa) e Realme (+20%) estão ganhando espaço, especialmente em mercados onde a Xiaomi tradicionalmente domina.
• Atrasos nas Atualizações: A lenta implementação global do HyperOS 2.0 gerou críticas de usuários, que comparam desfavoravelmente o cronograma da Xiaomi com a rapidez da Apple em atualizar seus dispositivos.
• Pressões de Custos: A possível imposição de novas tarifas sobre semicondutores nos EUA pode aumentar os custos de produção, desafiando a capacidade da Xiaomi de manter preços acessíveis.

Por outro lado, a Xiaomi tem oportunidades significativas:

• Mercados Emergentes: A empresa continua a crescer em regiões como América Latina, onde alcançou 18% de participação de mercado no terceiro trimestre de 2023.
• Inovações em IA e EVs: A integração de IA e o sucesso do SU7 podem atrair novos consumidores e fortalecer a marca no segmento premium.
• Parcerias Estratégicas: A colaboração com o Google e o foco em tecnologias como 5G (onde a Xiaomi subiu para a 8ª posição em patentes essenciais em 2024) reforçam sua competitividade.

Perspectivas para o Futuro

Olhando para o restante de 2025, a Xiaomi está bem posicionada para enfrentar os desafios do mercado global, mas precisará acelerar seu crescimento para acompanhar líderes como Samsung e Apple. O Google I/O 2025, marcado para 20 e 21 de maio, pode trazer anúncios relevantes para o ecossistema Android, como avanços no Android 16 e no Wear OS 6, que beneficiarão dispositivos Xiaomi. Além disso, a empresa planeja expandir sua presença no segmento de wearables e realidade estendida (Android XR), áreas promissoras para o futuro.

A visão de Lei Jun para a Xiaomi é clara: combinar inovação tecnológica com acessibilidade para oferecer “uma vida maravilhosa trazida pela tecnologia”. Com uma base sólida de 641,2 milhões de dispositivos (smartphones e tablets) enviados globalmente até dezembro de 2023 e um foco contínuo em P&D, a Xiaomi tem o potencial de recuperar o ímpeto de crescimento e desafiar seus concorrentes nos próximos trimestres.

Conclusão

O primeiro trimestre de 2025 foi um período de estabilidade para a Xiaomi, que manteve sua posição como a terceira maior marca de smartphones do mundo, apesar de um crescimento mais lento em comparação com seus concorrentes. A empresa enfrenta um mercado desafiador, marcado por tensões comerciais e competição acirrada, mas sua resiliência, impulsionada por investimentos em IA, HyperOS e diversificação, a mantém como uma força relevante no ecossistema Android.

Para os consumidores, a Xiaomi continua sendo uma escolha atraente, oferecendo dispositivos de alta qualidade a preços competitivos. Para a empresa, o desafio será traduzir sua inovação e agilidade estratégica em um crescimento mais robusto, especialmente em mercados premium e emergentes. Com o suporte do ecossistema Android e uma visão clara para o futuro, a Xiaomi está pronta para continuar sua jornada de expansão global em 2025.

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