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Baterias e Carregadores: Tudo o Que Precisam Saber


Usámos um carregador de um amigo e o nosso smartphone fritou... Comprámos um carregador para o isqueiro do carro mas é muito lento a carregar... Tentamos sempre descarregar a bateria totalmente "para não viciar"... Estes são problemas comuns com que nos deparamos se não soubermos alguma coisa sobre baterias e carregadores, mas está aqui a resposta aos vossos receios!

Hoje em dia a entrada micro-USB começa a ser cada vez mais universal para carregar telemóveis e tablets. Na era dos smartphones já não se ouve muita gente à procura de "um carregador Nokia dos fininhos", e qualquer cabo micro-USB serve para ligar a um grande número de marcas e modelos. O problema desta universalidade é que devemos ter cuidado com o carregador que usamos, porque encaixar não chega!


Para nos situarmos

Antes de mais nada, a maneira mais fácil de não ter problemas é usar apenas o carregador e o cabo que vieram de fábrica com o dispositivo. No entanto, o facto é que acabamos por querer comprar mais um carregador para o carro, ou para ter no trabalho, e aí muitas vezes acabamos por escolher marcas genéricas. Nestes casos é muito importante ter em mente o que é que o nosso smartphone ou tablet precisa para se "alimentar".

O mais fácil é olhar para as letras pequenas que vêm no carregador original, ou então fazer uma pequena pesquisa na internet para saber a tensão (Volts) e corrente (Amperes) do carregador original. Neste caso vemos um exemplo para o Samsung Galaxy S4:


Aqui podemos notar que o carregador vem do mesmo sítio que o Flappy Bird, mas devemos é olhar com atenção para a zona onde diz "OUTPUT", onde vemos que o carregador fornece ao dispositivo uma tensão de 5.0 Volts e disponibiliza uma corrente com intensidade de 2.0 Amperes. E o que quer isto dizer? Algumas perguntas surgem rapidamente na nossa cabeça quando estamos à procura de um carregador.

Posso usar um carregador com mais Volts para carregar mais depressa?

A resposta a esta pergunta é curta: NÃO!
A voltagem é a tensão da corrente eléctrica, análoga à pressão hidráulica na canalização lá de casa. Se a bomba de água fornece pouca pressão, a água pode nem chegar à nossa casa, por outro lado, se fornecermos pressão a mais, pode rebentar-nos um cano. Com carregadores é a mesma coisa: Volts a menos não vão ter efeito nenhum na bateria, Volts a mais podem fritar alguma coisa no nosso aparelho! Por esta razão devemos usar um carregador com exactamente a mesma voltagem do original.

Por sorte, todos os smartphones mais recentes usam carregadores USB, que adoptaram um sistema padronizado com cerca de 5.0 Volts. No entanto, sobretudo com smartphones ou carregadores mais antigos, não custa olhar para a voltagem antes de fazer asneira.

E se eu usar um carregador com mais Amperes? Posso fritar o meu telefone?

Nesse caso é diferente. A intensidade da corrente (medida em Amperes) é análoga ao fluxo de água nos nossos canos. Se eu tenho uma torneira fechada, o fluxo é zero, mas continuo a ter a pressão proveniente da bomba. O fluxo é fornecido quando eu peço, ou seja, se eu quero lavar as mãos abro ligeiramente a torneira, se eu quero lavar o carro, abro a torneira no máximo. Se eu não tiver pressão suficiente para lavar o carro mesmo com a torneira no máximo, é porque o máximo fluxo fornecido pela bomba não chega para lavar o carro como eu queria.

O mesmo se passa com os smartphones e tablets hoje em dia. Na realidade, o "carregador" que ligamos à corrente não é um carregador, é apenas uma fonte de alimentação que fornece uma tensão constante de 5.0 Volts. O carregador propriamente dito está incorporado no próprio dispositivo, e este tem mecanismos que regulam o fluxo de corrente que é usado. Ou seja, mesmo que eu tenha um "carregador" de 5.0 Volts a 4.0 Amperes, o meu telefone que precisa de 2.0 Amperes só abre a torneira para ir buscar 2.0 Amperes, ou seja, o "carregador" não trabalha no seu máximo potencial, mas o telefone tem o suficiente para carregar normalmente.

E se o carregador tiver menos Amperes?

Nesse caso, voltando à analogia da canalização, temos uma bomba de água insuficiente para lavar o carro como deve ser e vamos concerteza demorar mais tempo a lavar o carro, mas não quer dizer que ele não vá ficar lavado.

O que isto quer dizer é que o carregador existente dentro do telefone, que quer 2.0 Amperes, vai abrindo a torneira até ao máximo, até que vê que não dá para mais mas contenta-se com o que tem. O que acontece é que a taxa de carregamento da bateria vai ser abaixo do óptimo, logo vamos demorar mais tempo a atingir os 100%. De facto, as portas USB 2.0 que temos nos computadores fornecem um máximo de 0.5 Amperes, o que é muito pouco para um dispositivo que pede quatro vezes mais. Neste caso, se o dispositivo não estiver desligado pode nem carregar a bateria, porque a taxa a que ele está a gastar energia para se manter activo é maior do que a taxa a que está a receber energia do cabo USB. No caso das portas USB 3.0 (normalmente azuis), já conseguimos intensidades de 0.9 Amperes, o que serve para carregar rapidamente a maioria dos smartphones "normais" (que rondam 1.0 A).

Em suma, o ideal é utilizar um carregador com os mesmos Volts que o original e com os mesmos, ou mais, Amperes. Desta forma garantimos que a taxa de carregamento da bateria é optimizada e não corremos o risco de ter um dispositivo que apenas descarrega mais devagar quando ligado à corrente.

E depois de carregar? Devo deixar descarregar completamente para a bateria não viciar?

As baterias de iões de Lítio que são usadas nos telefones e tablets não sofrem do "efeito de memória" das baterias mais antigas, e não precisam de ciclos completos de carregamento. Na verdade, estas baterias não só não "viciam" como é até prejudicial deixar descarregar até aos 0%. De facto, se nunca deixarmos a bateria descer dos 20% conseguimos muitos mais ciclos de carregamento do que se fizermos ciclos completos, o que se traduz num aumento do tempo de vida da bateria. Da mesma forma, também é prejudicial carregar a bateria na sua totalidade. No entanto, para o limite máximo os próprios dispositivos já trazem mecanismos de defesa que cortam o fornecimento de energia antes da bateria estar "realmente" (quimicamente falando) nos 100%.

Concluíndo

1) Sempre que possam, usem os cabos e carregadores recomendados pela marca (em alguns casos há mecanismos implementados que nem permitem a utilização de outros carregadores).

2) Se utilizarem outro carregador, certifiquem-se que tem os mesmos Volts de output.

3) Se a intensidade (Amperes) do carregador for muito baixa, desliguem o dispositivo para optimizar a taxa de carregamento. Regra geral, os smartphones precisam de 1 A e os tablets de 2 A para uma taxa de carregamento normal.

4) Se precisam de utilizar o dispositivo intensivamente enquanto carregam (e.g. no carro, com GPS e bluetooth ligados), é obrigatório cumprir no mínimo o número de Amperes do carregador original, senão vão ter só um dispositivo a descarregar mais devagar.

5) Não usem carregadores e cabos de origem e/ou qualidade duvidosa (tipo "do chinês").

E é isto. Espero que estas informações tenham sido úteis! Se têm algum testemunho ou conselhos a dar relativamente à vossa experiência com baterias e carregadores, partilhem connosco nos comentários! Quero saber de explosões e incêndios e coisas assim!